Não que seja algo que dê para verdadeiramente se gabar, mas eu assisto muitos filmes.
Ao menos uma vez por dia (ou por madrugada, quando a insônia resolve aparecer), assisto alguma coisa, sendo que filmes de terror sempre foram os meus favoritos. Não apenas por conta de sustos e coisas do tipo, mas principalmente pela capacidade de mesclar o complexo sentimento de medo com temáticas subjetivas e complexas aos seres humanos e à própria sociedade, como em O Exorcista (Clássico absoluto) ou Hereditário (Clássico moderno). Dito isso, a grande maioria dos filmes de terror são ruins.
Não que seja surpresa, já que é exatamente assim que uma indústria funciona. No fim do dia, o negócio é ganhar dinheiro, então a regra geral é “quantidade acima de qualidade”. Ainda assim, posso afirmar que, sem sombra de dúvidas ou sequer um singelo momento de hesitação, Terrifier I é um dos PIORES FILMES QUE EU JÁ VI!
Saindo de uma festa, Dawn (Catherine Corcoran) e Tara (Jenna Kanell) e mais outros personagens estúpidos que nem vale a pena citar são alvos das tramoias do Palhaço Art (David Howard Thornton), um assassino impiedoso que se diverte caçando vítimas e cortando cabeças… de bonecos mal feitos de plástico.
Ok, eu até entendo o apelo. Filmes puramente slashers estão cada vez mais raros hoje em dia: aquele tipo de produção de horror em que o foco está mais na ação e cenas gore. Nesse contexto, até dá pra comprar a tentativa de Terrifier I de ser uma obra voltado ao tipo de público que majoritariamente consome esse mercado. O problema é que, mesmo como um slasher, em comparação direta à outros filmes desse subgênero cinematográfico, esse filme continua ruim.
Halloween, Sexta-Feira 13, A Hora do Pesadelo, Brinquedo Assassino, O Massacre da Serra Elétrica e até o mais recente Sem Conexão caracterizam-se como slashers de qualidade, que de alguma forma marcaram o mercado e a história da indústria, conquistando fãs e resultando em franquias não por conta de exclusivamente suprirem uma necessidade mercadológica, mas sim por serem bons filmes. Diferente do que vejo muita gente dizer, não acredito que slashers deveriam ser filmes onde o telespectador só “desliga o cérebro” e aproveita o sangue rolando na tela. Nenhum filme deve ser assim, nenhum dos bons exemplos nesse parágrafo citados funcionam dessa preguiçosa maneira. Terrifier não é ruim por falta de compreensão de quem assiste, mas sim ao fato de ser uma produção slasher frustrante.
A desculpa de que é “um filme trash” também não cola, já que, como exemplos de filmes trashs de qualidade, temos Evil Dead, A Casa dos Mil Corpos e mais uma porrada de produções comercialmente baratas que dão de 10 à 0 nesse negócio!
Sinceramente, assistindo Terrifier I, eu perdi a conta de quantas vezes os personagens tiveram a oportunidade de matar o vilão, mas deixaram de fazer isso por conta do roteiro. Falando nisso, esse “roteiro” não existe. Nenhum dos “personagens” possuem motivações além de sobreviver ao palhaço, não há fio condutor à suposta “trama”. Na verdade, Terrifier nem parece um filme, mas sim um amontoado de clips sobre assassinatos super exagerados, que beiram a um adolescente emo querendo pagar de descolado, escrevendo sobre sangue e tripas e morte e palhaço do mal e… e…
Resumindo a prosa, porque nem tenho mais paciência para falar sobre o assunto (literalmente estou enrolando três dias pra terminar de escrever isso aqui, de tanto que me “importo” sobre o filme): Terrifier, seja no filme original, nos curta metragens de All Hallow`s Eve ou em absolutamente qualquer coisa que for aparecer continuará sendo ridículo. Se você, telespectador, vai gostar ou não do nível do ridículo, é contigo.
Pessoalmente, esse é o oposto de cinema.